Ubuntu representa uma filosofia de inspiração religiosa, a qual ganhou conotação política na História recente. De origem ainda confusa, normalmente atribuída à África Subsaariana, traduz a ideia de pertencimento e compromisso do indivíduo para com sua comunidade - humanidade para com os semelhantes.
Relacionada às línguas e valores éticos bantos, ubuntu representa uma máxima religiosa zulu, a qual apregoa que "umuntu ngumuntu ngabantu" (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas). Tal ideia, tão cara aos Direitos Humanos e aos ocidentais, tem na cultura de alguns dos povos do Sul africano uma significação de que o reconhecimento de caracteres de humanidade ao individuo liga-se, indissociavelmente, à comunidade a que pertence. Isso se dá através de laços de ancestralidade comum. A origem comum e a existência do outro são, nessa filosofia, formadores da consciência de pertencimento e solidariedade, a qual humaniza o indivíduo.
Dessa maneira, dentre suas múltiplas significações, representa valores de empatia, compaixão, companheirismo, sensibilidade, necessidade de união, humanismo, generosidade, consenso, diálogo, respeito, cortesia, humanismo, solidariedade, apoio aos semelhantes, bem com tudo que se considera uma conciliação saudável entre individualismo e comunidade de cada um. Essa significação é explicada por Nelson Mandela, Nobel da Paz de 1993, da seguinte maneira:
"Um viajante em visita à África do Sul poderia parar em uma aldeia sem ter que pedir comida ou água.
Uma vez que ele para, as pessoas dão-lhe comida. Esse é um aspecto do ubuntu, mas o ubuntu tem vários
aspectos. O ubuntu não significa que as pessoas não devem enriquecer. A questão, portanto, é: Você vai
fazer isso e permitir que a comunidade ao seu redor possa melhorar?"
Curiosamente, na História recente, especialmente em questões políticas, ubuntu teve significação ainda mais relacionada à ideia de consenso, concessões recíprocas e busca de acordos.
Segundo o Arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz de 1984, um dos líderes na luta contra a segregação racial na África do Sul, uma:
"... pessoa com Ubuntu está aberta e disponível para as outras, apoia as outras, não se sente ameaçada quando outras pessoas são capazes e boas, com base em uma autoconfiança que vem do conhecimento de que ele ou ela pertence a algo maior que é diminuído quando outras pessoas são humilhadas ou diminuídas".
E complementa:
"É a essência do ser humano. Ele fala do fato de que minha humanidade está presa e está
indissoluvelmente ligada à sua. Eu sou humano, porque eu pertenço. Ele fala sobre a totalidade, sobre a
compaixão. Uma pessoa com ubuntu é acolhedora, hospitaleira, generosa, disposta a compartilhar. A
qualidade do ubuntu dá às pessoas a resiliência, permitindo-as sobreviver e emergir humanas, apesar de
todos os esforços para desumanizá-las."
A retórica ubuntu foi utilizada na oposição às correntes discriminatórias na Africa do Sul durante o aparthaid, bem como, após a superação daquele regime, na formação da nova Constituição nacional daquele país. Amparava as colunas da união e superação de diferenças. O discurso que trazia visava o respeito à autenticidade de cada um para com cada um. A comunidade, dessa maneira, não é um absoluto, mas os próprios indivíduos em comunhão.
Em diversos movimentos políticos contra ditaduras e desuniões no Sul africano a retórica em torno da palavra ubuntu tem sido utilizada em favor do consenso e da paz.
Dessa maneira, buscando honrar o significado tão singelo e especial desta palavra, o Centro Acadêmico A Luta Pelo Direito se coloca à disposição para reforçar laços, o sentimento de pertencimento, o consenso, a união e saúda a todos com ubuntu!
Fontes:
Cf. Por dentro da África: <http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/ubuntu-filosofia-africana-que-nutre-o-conceito-de-humanidade-em-sua-essencia>.
Cf. Wikipedia: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ubuntu_(filosofia)>.
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